Fundo de investimento criado por Nobel da Paz chega ao Brasil para dar suporte financeiro a microempresas
Um fundo criado por um Nobel da Paz chega ao Brasil para dar suporte financeiro a microempresas que queiram ajudar um problema social. Se sua empresa tem essa pegada pode se candidatar.
Morar na periferia, estudar em escola pública, essa é a realidade que a Thamirez Gonzaga conhece bem. Ela prestou vestibular para jornalismo e não passou. Um dos problemas foi mau desempenho em redação.
“Eu tinha muito medo. As vezes nem começava, só colocava o título e não começava. Não conseguia, não vinha nada. E olha que eu tinha muita coisa para falar, só que não sabia como colocar”, diz Thamirez.
Thamirez não desistiu. Pesquisou e descobriu uma plataforma com suporte do fundo do Nobel da Paz. O sistema corrige textos e ensina o aluno a escrever. O preço por redação: R$4.
Morar na periferia, estudar em escola pública, essa é a realidade que a Thamirez Gonzaga conhece bem. Ela prestou vestibular para jornalismo e não passou. Um dos problemas foi mau desempenho em redação.
“Eu tinha muito medo. As vezes nem começava, só colocava o título e não começava. Não conseguia, não vinha nada. E olha que eu tinha muita coisa para falar, só que não sabia como colocar”, diz Thamirez.
Thamirez não desistiu. Pesquisou e descobriu uma plataforma com suporte do fundo do Nobel da Paz. O sistema corrige textos e ensina o aluno a escrever. O preço por redação: R$4.
“Ele é muito acessível para pessoas que não tem tanto dinheiro como eu. Não tenho emprego e quero ir atrás da faculdade e foi o curso mais acessível. Coube no meu bolso? Coube perfeitamente no meu bolso”, conta Thamirez.
As aulas são online, ministradas por professores como o Dagoberto. “A primeira dificuldade é a falta de leitura. Não ler jornais e periódicos prejudica na reflexão na hora de fazer o texto escrito”, explica o professor.
O historiador Otávio Pinheiro criou a plataforma em 2016 com investimento de R$50 mil. Para ele, a língua portuguesa foi no passado um bicho papão.
“Eu falava bicicreta, chicrete, várias palavras erradas. A família achava bonitinho, os amigos faziam bullying, a escola não percebia. Isso ficou no meu coração para que em algum momento, quando eu não conseguisse superar essa dificuldade, criar uma plataforma que ajudasse outras pessoas também”, conta Otávio.
Ano passado, 25 mil estudantes usaram a plataforma do historiador e melhoraram em 10% a nota do Enem.
Ao ajudar pessoas a escrever melhor, a empresa de redação conseguiu muito mais do que o simples pagamento do cliente. Ela entrou no radar de um fundo de investimento que apoia negócios com impacto social. Assinou contrato, e recebeu um aporte de 150 mil reais.
O fundo é ligado a uma empresa do ganhador do prêmio Nobel da Paz em 2006. Muhammad Yunus criou um banco de microcrédito em Bangladesh que ajudou a tirar milhões de pessoas da pobreza. A ideia se espalhou pelo mundo e chegou ao Brasil em 2012.
Luciano Gurgel, diretor do fundo de investimento, diz que 90% dos clientes são mulheres com índice de inadimplência dos menores. Algo próximo de 2% que faz do banco um caso de fundação do microcrédito.
Muhammad Yunes espalhou sua ideia por todo o mundo. A empresa no Brasil existe desde 2012. Mais de 100 negócios já passaram pelos processos e 4 são investidas pelo fundo. Mais de 10 mil foram beneficiadas por venda de bens e serviços, e mais de 500 empregos gerados por negócios sociais apoiados.
No Brasil, o fundo de investimento tem disponíveis R$8 milhões captados junto a pessoas ricas que querem ajudar negócios de impacto social. As taxas de juros são menores do que as de mercado.
“Nosso investidor é paciente ele não olha só retorno financeiro, mas também o impacto social que o dinheiro está causando”, explica Gurgel.
Qualquer pequeno negócio de impacto social pode se candidatar a receber o investimento. A avaliação dos escolhidos leva em conta: a urgência do problema social que o empreendedor vai resolver, a solidez do modelo de negócio, a escabilidade da solução, ou seja, se o negócio pode ser replicado em várias regiões, e, por último, o perfil do empreendedor.
“Vai fazer o que com o dinheiro? Investir em marketing de desenvolvimento da plataforma e time de vendas também. É o principal objetivo de investimento dos recursos”, diz Otávio.
A reportagem foi ao ar durante o programa Pequenas Empresas & Grandes Negócios em 28 de abril de 2019. Assista na íntegra: https://glo.bo/2GJayyN.