Programa de aceleração da Yunus Brasil visa fortalecer o empreendedorismo feminino

Aceleradora foi desenvolvida em conjunto com o Empreende Aí, escola de empreendedorismo de comunidades

Se antes não era comum ver mulheres ocupando cargos de liderança em empresas, hoje já podemos observar uma considerável mudança neste sentido. O empreendedorismo feminino passou a ser uma importante ferramenta de transformação social e tem contribuído diretamente para o crescimento da economia de um país. Segundo um levantamento feito pelo Governo Federal Brasileiro, 3 em cada 4 lares são chefiados por uma mulher e, dessas, 41% tem o seu próprio negócio.

Apesar do crescimento do empreendedorismo feminino, ainda podemos notar que poucas mulheres possuem destaque no setor. No Brasil, este ecossistema se limita a regiões mais desenvolvidas e geralmente é dominado por homens brancos. A situação se torna ainda mais alarmante quando fazemos um recorte por classe social, no qual a desigualdade se mostra maior para mulheres que vivem em regiões mais pobres. 

Para quebrar o ciclo da falta de representatividade e empoderamento feminino, a Yunus Negócios Sociais, unidade brasileira da empresa global criada pelo Nobel da Paz Muhammad Yunus, se juntou a escola de empreendedorismo Empreende Aí, criada por Jennifer Rodrigues e Luis Coelho, que forma e capacita micro e pequenos empreendedores de territórios populares, comunidades e favelas. Ambas as organizações decidiram criar o programa A.M.E.I (Aceleradora de Mulheres Empreendedoras de Impacto).

Da esq. para a dir.: Luis Coelho, co-fundador do Empreende Aí, Francisco Vicente, diretor de investimentos da Yunus Brasil e Jennifer Rodrigues, co-fundadora do Empreende Aí.

Da esq. para a dir.: Luis Coelho, co-fundador do Empreende Aí, Francisco Vicente, diretor de investimentos da Yunus Brasil e Jennifer Rodrigues, co-fundadora do Empreende Aí.

O programa, que teve o apoio do British Council, da Fundação Via Varejo, do Instituto Consulado da Mulher e da Universidade de São Paulo, aconteceu entre os meses de fevereiro e julho de 2019 e teve por objetivo colocar a periferia como protagonista do desenvolvimento econômico e social local, e potencializar os talentos destas comunidades.

No total recebemos 179 inscrições, pré-selecionamos 51 empreendedoras e por fim selecionamos 31 negócios para a primeira fase da aceleradora. A primeira etapa contou com 10 encontros presenciais que abordaram temas relacionados a negócios, como marketing digital, vendas, gestão de fluxo de caixa e aspectos tributários.

Equipe Yunus Brasil e Empreende Aí com as selecionadas do programa A.M.E.I

Equipe Yunus Brasil e Empreende Aí com as selecionadas do programa A.M.E.I

Ao fim do processo, após cinco meses de imersão e muita mão na massa, 8 empreendedoras foram selecionadas para a segunda etapa do programa que consistia em mentoria especializada e investimento de um capital semente no valor de R$ 5 mil. 

Confira quais foram os 8 negócios contemplados com aporte financeiro e mentoria especializada:

- Akotti

Criada pela empreendedora Suzana Sousa, a Akotti desenvolve artigos maternos-infantis como slings (carregadores de bebê). A origem do nome do negócio é uma homenagem à Akotirene, primeira líder matriarca do Quilombo dos Palmares. Akotii nasceu com o intuito de resgatar e disseminar o resgate da identidade como forma de empoderamento e protagonismo. 

- Aneesa 

Jozi Belisario é a empreendedora por trás da Aneesa, projeto que nasceu com o sonho de trazer representatividade, de forma acessível, às meninas negras, desde sua primeira infância, por meio da venda de bonecas negras. 

- Bora Lá! Comunicação

Ju Dias criou a agência de marketing popular Bora Lá! Comunicação com o objetivo de trabalhar a identidade visual de pequenos empreendedores, projetos sociais e culturais nas periferias. O principal objetivo da Bora Lá! é priorizar o relacionamento entre o bairro e seus empreendimentos.

- CCH - Crossing Connecting Health 

A empreendedora Andrea Soares está à frente do Crossing Connecting Health, aplicativo para portadores de doenças raras que, além de ajudar na criação de uma rede de apoio para essas pessoas, leva informação de qualidade para elas. 

- Go Girl 

Criada pela jovem Yasmin Christe, a Go Girl é uma empresa de impacto social que tem como propósito resgatar e reciclar peças abandonadas. Normalmente são roupas descartadas em ruas, aterros e outros lugares insalubres. A Go Girl resgata tais peças, recicla e as introduz no contexto da moda atual. 

- Ornamento 

Lilian de Paula apostou na moda consciente e vegana para criar a Ornamento, que desenvolve bolsas e acessórios com matéria prima vegana ( livre de origem animal). Todos os forros das peças são feitos com tecido de reuso (tecidos que seriam descartados) por uma cooperativa de costureiras que atua no Campo Limpo, na zona sul de São Paulo. 

- Studio Lilian Soares 

A empreendedora Lilian Soares trabalha na reciclagem de móveis descartados indevidamente pelas ruas de São Paulo. Além de agregar valor ao produto reciclado, o Studio Lilian Soares ajuda a reduzir o desmatamento e a extração de outras matéria prima do meio ambiente. 

- Patti Xavier Confeitaria 

Patrícia Xavier decidiu investir no ramo das confeitarias com o objetivo de realizar oficinas  para engajar mulheres das periferias, no qual a grande maioria têm origens afrodescendentes, a empreender na linha "Faça e Venda", ensinando-as a criar seu próprio negócio lucrativo e sustentável, que gera Impacto Social e econômico nas comunidades que vivem.


Apoiar o empreendedorismo feminino faz parte da nossa essência!

Até os dias atuais a Yunus mantém, ao redor do mundo, a essência do apoio ao empreendedorismo feminino como o Professor Yunus fez em 1976, quando começou a realizar experiências com o fornecimento de pequenos empréstimos para os pobres sem as garantias e exigências tradicionais dos bancos comerciais. 

O projeto foi chamado de Grameen Bank e, mais tarde, em 1983, tornou-se um banco oficial para fornecer empréstimos aos pobres, principalmente mulheres na zona rural de Bangladesh. Hoje o Grameen Bank tem mais de 8,4 milhões de mutuários, 97% dos quais são mulheres, e desembolsa mais de 1,5 bilhões de dólares por ano. A ideia se espalhou por quase todos os países do mundo, incluindo países desenvolvidos e industrializados.

Ao apoiar o setor, seguimos na missão que é democratizar a educação empreendedora e fortalecer o ecossistema de empreendedorismo feminino.

Professor Muhammad Yunus ao lado de mulheres beneficiadas com o microcrédito

Professor Muhammad Yunus ao lado de mulheres beneficiadas com o microcrédito

YSB Admin